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Muito Além de Rodas e motores

O ritual do champagne na Fórmula 1

Em outubro são comemorados o Dia Internacional do Espumante e Dia Mundial do Champagne. A Champagne é a mais famosa bebida produzida com uvas cultivadas numa região francesa delimitada e respeitando rigorosos métodos de produção em local que fica a cerca de 200 quilômetros de Paris.

Ao longo de minha carreira, descobri que é uma bebida que tem estreita ligação com o automobilismo, sobretudo o de competição. Creio que a mais emblemática é a maneira de comemoração das vitorias nas corridas, com o famoso estouro da Champagne.

Esse ritual, muito esperado e celebrado hoje em muitos outros esportes e conquistas, teve início em 1967, com a vitória da Ford nas 24 Horas de Le Mans, com a dupla de pilotos norte-americanos Dan Gurney e A. J. Foyt, pilotando um Ford GT 40. No pódio, quando recebeu o troféu e o champagne, Dan Gurney sacudiu a garrafa para criar maior pressão e molhou os torcedores que estavam próximos. Com esse gesto Dan Gurney provocou a eternização do gesto nos finais das corridas e existem muitos torcedores que se esforçam para receber o banho da vitória, como uma benção religiosa.

Outra ligação da Ford com o champagne estava no fato de seus principais executivos norte-americanos apreciarem beber estrelas borbulhantes, como Henry Ford II, cuja preferência era pela Dom Pérignon. Nas poucas vezes em que Henry Ford II visitou o Brasil, o gerente de Relações Públicas da Ford brasileira, Julio Carvalho, recebia ligação telefônica (por não existir e-mail) para garantir as garrafas de Don Pérignon que ele iria consumir durante a sua estada e também nos encontros que manteria com empresários e representantes da área governamental.

Em uma das visitas de Henry Ford II ao Brasil, durante uma edição do Carnaval carioca, o principal chefe da empresa incomodou-se com o elevado nível de som das escolas, preferiu ir para o hotel e convidou Júlio Carvalho para o acompanhar. Na chegada ao hotel convidou-o para um drink e solicitou duas taças de champanhe Dom Pérignon. Julio surpreendeu-se com as pedras de gelo solicitadas pelo senhor Henry Ford II. E lembrou-se de uma frase tradicional: o melhor vinho ou champanhe é aquele que satisfaz o paladar de quem o degusta.

A Ford brasileira também teve uma forte ligação com o champagne e as espumantes em corridas de automóveis. Primeiro nas corridas da categoria Fórmula Ford nos campeonatos brasileiros. E também em eventos de lançamentos de produtos, especialmente no sul do País, principal região brasileira produtora de vinhos e espumantes de reconhecida qualidade, com reuniões realizadas na Casa Valduga e em outras produtoras de estrelas de beber.

Nesses eventos que realizávamos para test-drive de novos modelos, como a pick-up Ford Ranger, os jornalistas saiam em duplas ou trios da capital Porto Alegre e conduziam os novos modelos até as vinícolas de Bento Gonçalves. Nos reuníamos na vinícola para um passeio guiado pelo terror, seguido de degustação e almoço.

É claro que entre os jornalistas havia um revezamento e os que iriam beber guiavam o carro no trajeto de ida para que os que não bebiam guiassem na volta.

Os eventos eram muito festejados e agradavam bastante os jornalistas, principalmente os do Norte e Nordeste, pois nos anos de 1990 e 2000, as principais vinícolas brasileiras estavam concentradas na Serra Gaúcha ou na serra catarinense, e não como agora que existem em diversos outros estados como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.

O champagne surgiu pela ideia de Dom Pérignon que era o monge responsável pelas adegas da Abadia de Hautvilleres, na diocese de Reims, na França. A história é que o Dom Pérignon ficou curioso com a afirmação dos vinicultores de que certos tipos de vinhos fermentavam novamente depois de engarrafados. Essa fermentação adicional do vinho que ocorria dentro das garrafas fechadas provocava a liberação do gás carbônico, gerando pressão que estourava os tampões ou arrebentavam as garrafas.

Dom Pérignon então experimentou garrafas mais fortes e utilizou rolhas amarradas com arame, conseguindo obter a segunda fermentação dentro da própria garrafa.

Com o aprimoramento da técnica, a fermentação passou a ser controlada por açúcares e fermentos, conseguindo assim o equilíbrio sobre a efervescência e possibilitando a elaboração de um produto mais agradável ao paladar. Ao provar a bebida, dizem que o monge se surpreendeu e comentou: “estou bebendo estrelas”.

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