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Choque nos preços dos veículos eletrificados deve alcançar 35% de imposto em até três anos

Enquanto outros países incentivam a produção e aquisição de veículos eletrificados, Brasil caminha para taxação e perda da competitividade com volta da cobrança de imposto de importação

A nossa coluna é uma das mais ativas quando o assunto é eletrificação veicular. Modelos híbridos ou puramente elétricos estão sempre por aqui, mas hoje, analisaremos a competitividade junto ao mercado interno.

Quem faz barulho chama mais atenção. Apesar do rodar silencioso dos veículos elétricos, eles estão deixando para trás, já de agora, os modelos com motores a combustão, pelo menos no barulho que estão fazendo no mercado.

Não será uma transformação da noite para o dia, como já afirmei de outras vezes, mas o barulho do mercado pode incomodar mais rápido do que imaginamos.

Enquanto em outros lugares do mundo observamos políticas de incentivos para os veículos eletrificados, o que se fala por aqui é sempre em aumentar os impostos.

As vendas de carros eletrificados (híbridos e totalmente elétricos) têm crescido nos últimos meses, com o total acumulado de janeiro ao início deste mês superando todo o volume de 49,2 mil unidades de 2022, segundo os dados da ANFAVEA, representando cerca de 2% do mercado como um todo. Pouco não?

Atualmente, não há qualquer taxação para carros elétricos – para híbridos a alíquota é de 4%. Com a reaplicação do imposto, todos os veículos terão os mesmos altíssimos 35% de tarifa de importação dos modelos a combustão.

Mencionando uma “invasão de produtos asiáticos, principalmente da China” na América Latina, região tradicionalmente foco das exportações de veículos do Brasil, o presidente da Anfavea, Márcio Leite, afirmou durante coletiva de imprensa que “não tem nada contra chineses, asiáticos”, mas que o setor no país defende o retorno da proteção do imposto de 35% sobre os veículos eletrificados.

Ao invés de buscarmos reduzir a taxação dos motores a combustão, preferimos taxar os elétricos e todos, sem exceção, continuam caros e distantes dos consumidores.

“É uma ameaça, sim (para o mercado interno). Temos conversado com o governo. Precisamos de uma regra de transição e previsibilidade”, disse o presidente da Anfavea no evento sobre os números do setor no mês passado.

A retomada da cobrança é apoiada por todas as marcas atreladas à Associação das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Atualmente, entre as principais marcas chinesas de veículos no Brasil estão GWM, que está finalizando uma fábrica para início de produção em 2024 e realizou anúncio de investimentos de R$ 6 bilhões no Brasil até 2025, e a BYD, que há meses negocia com o governo da Bahia sobre a instalação de uma fábrica no Estado, tem previsão de produção em 2025 e investimentos de R$ 3 bilhões em cinco anos.

Segundo Leite, o fim da isenção de imposto de importação para os elétricos deve acontecer ao longo de três anos e deve ser anunciado próximo de medida provisória que trará os objetivos gerais da segunda fase da política automotiva Rota 2030, prevista para este mês.

O Rota 2030 deve manter a lógica do início do programa: oferecer redução de até dois pontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras que conseguirem superar níveis de eficiência no consumo de combustível e emissão de poluentes, medindo para isso todo o ciclo de uso do combustível. As montadoras que não se enquadrarem nos percentuais mínimos atualizados terão de arcar com multas.

O pior disso tudo é que quem paga a conta somos todos nós. É preciso incentivar a produção local e não simplesmente aumentar a carga de impostos. O Brasil precisa ser competitivo mundialmente, vender tecnologia e oferecer suas soluções, o etanol tá na prateleira, mas nem internamente somos capazes de incentivar sua aplicação de forma eficiente.

Não é o elétrico que precisa ser caro, precisamos tornar a manufatura mais eficiente. A alta carga de impostos dificulta qualquer manobra para tornar nossa indústria competitiva.

Tarcisio Dias – Profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista. Desenvolve o site Mecânica Online® (mecanicaonline.com.br) e sua exclusiva área de cursos sobre mecânica na internet (cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.

Coluna Mecânica Online® – Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º e 13º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuição gratuita todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
https://mecanicaonline.com.br/category/engenharia/tarcisio_dias/

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