Connect with us

Automóveis

GP dos EUA foi todo da dupla que não divide a mesma mesa de bar

Hamilton, Verstappen e Norris, alguns sorrisos no pódio e brigas na pista

Os comissários da FIA resolveram estragar tudo nos Estados Unidos. De novo! Depois de quase três horas da bandeirada final, os caras encontraram uma irregularidade na prancha que fica sob o assoalho dos carros do heptacampeão Lewis Hamilton, da Mercedes, e do monegasco Charles Leclerc, da Ferrari, desclassificando os dois pilotos da corrida principal disputada no domingo no Circuito das Américas, no Texas. Em primeiro lugar, o maior desgaste dessa prancha em nada muda o comportamento de um carro. Em segundo, se os caras que não têm uma coisa mais importante para fazer resolvessem investigar detalhadamente todos os carros do grid, veriam que TODOS têm irregularidades. Diz uma máxima na Fórmula-1 que um dos principais trabalhos dos projetistas é encontrar lacunas no regulamento para burlarem a lei.

Na fria escrita da lei, NENHUM carro está totalmente dentro do regulamento. Tem alguém aí que pode afirmar com toda a convicção que este carro da Red Bull está totalmente dentro da lei? A Benetton B194, de 1994, é considerado o carro mais fora do regulamento da história da categoria. Mas não foi impeditivo para levar o alemão Michael Schumacher ao seu primeiro título. A FIA é nojenta, perniciosa e, se aparecer alguém da entidade na TV, tirem as crianças da sala. Na primeira parte da temporada de 1994, a FIA fez “vistas grossas” nas vitórias de Schumacher porque ela precisava de alguém para travar o domínio da Williams. Depois da morte de Ayrton Senna, vendo que Schumacher corria sozinho no campeonato, a FIA decidiu aplicar duas ou três punições para o alemão para reequilibrar o campeonato. A FIA é asquerosa!

Partindo do princípio que um desgaste de milímetros em uma prancha não altera o desempenho do carro e, por isso, deveria ter terminado – somente e simplesmente – em uma advertência para a Mercedes e a Ferrari, o leitor verá a seguir como foi o GP dos Estados Unidos na pista, com os pilotos arriscando a pele para delírio do público norte-americano, o mais novo apaixonado pela F-1. Talvez também por represália pelas intensas vaias do público quando Verstappen foi chamado ao pódio, a FIA resolveu fazer o exame dos carros bem longe daquelas pessoas. Se tivessem anunciado sua decisão com o público ainda presente, estes caras não teriam saído inteiros do autódromo.

Como já era esperado desde o treino de classificação na sexta-feira e depois da vitória do holandês Max Verstappen, da Red Bull, com o heptacampeão Lewis Hamilton, da Mercedes, em segundo na corrida Sprint de sábado, a vitória no GP dos Estados Unidos, no fabuloso Circuito das Américas, no Texas, ficaria entre os dois caras que desde 2021 não dividem a mesma mesa de bar. Enquanto isso, a pole position do monegasco Charles Leclerc, da Ferrari, tinha o mesmo valor de uma nota de três reais, e a presença do inglês Lando Norris, da McLaren, na primeira fila era só um “azarão”. Mesmo assim, o jovem piloto da McLaren esteve no pelotão da frente, beliscando a vitória, até quando seu carro pode suportar o ritmo mais intenso de Verstappen e de Hamilton. Depois, Norris se resignou e completou o pódio em terceiro lugar.

A vitória de Verstappen, sua quinquagésima na Fórmula-1, veio por um detalhe salientado por Hamilton antes da metade da prova, logo após o heptacampeão ter saído dos boxes em seu primeiro pit stop. “Vocês demoraram muito para me chamar para trocar os pneus. Perdemos muito tempo para o Max”, reclamou Hamilton pelo rádio. O experiente campeão estava ali desenhando como seria o final da corrida, porque tinha guardado um jogo de pneus médios (os amarelos) bem novinho para tentar ser mais rápido que Verstappen na parte final do GP dos Estados Unidos (o holandês estaria com pneus duros, os brancos, mais lentos).

E foi exatamente assim que aconteceu. Ao perder cinco ou seis voltas antes de seu primeiro pit stop – e sem intervenção do safety car durante toda a corrida -, Hamilton havia se atrasado não em relação a Norris, mas em relação a Verstappen, outro detalhe percebido apenas pelo piloto, não pela equipe. Exatamente por isso, Hamilton arriscou tudo na ultrapassagem sobre Norris no final da prova, quando assumiu a segunda posição, pois ele não podia perder tempo. E a fechada de Norris em cima de seu compatriota no final da reta dos boxes – antes de Hamilton conseguir superá-lo de vez – acabou sendo decisiva para Verstappen, que pode se encaminhar para as últimas voltas com uma vantagem minimamente confortável. A partir de pouco mais da metade da prova, o holandês acusou problemas de freio em seu carro, transformando em dramáticas as últimas voltas para o já campeão da temporada.

“Habitante de outro planeta”, Hamilton havia traçado na cabeça todo o roteiro para mais uma vitória no Circuito das Américas. Inaugurada em 2012, a pista norte-americana tem um traçado que simula todo o contorno das três Américas mais o do Caribe. E Hamilton tem um casamento quase perfeito com o circuito. O inglês ganhou cinco das seis primeiras provas no Circuito das Américas, incluindo a primeira, ainda com a McLaren. Por tudo isso e por ter pela primeira vez no ano um carro em boas condições para lutar pela vitória, Hamilton “fechou a cara” para Norris depois do retorno dos carros aos boxes, após a bandeirada final. Para a equipe Mercedes, no entanto, não sobraram queixas. Ao contrário, Hamilton fez questão de agradecer pelas mudanças feitas no carro para esta corrida, que lhe deram dois segundos lugares no mesmo fim de semana.

Na briga pelo vice-campeonato, Hamilton diminuiu a diferença para Perez (que tem uma Red Bull nas mãos, diga-se) para 19 pontos, restando quatro etapas e mais uma Sprint (em São Paulo) para o final da temporada. Seria assim se os comissários da FIA não tivessem roubado os pontos de Hamilton, escondidos em um canto escuro, quase três horas depois do final do GP dos EUA. Com a desclassificação, os 19 pontos viraram por um passe de mágica 39 pontos. Curiosamente, a próxima prova é na casa de Perez, no Circuito Hermanos Rodriguez, e a seguinte, na casa do anglo-brasileiro Hamilton, em Interlagos. Depois das duas, virão o GP de Las Vegas e o GP de Abu Dhabi, com o heptacampeão em condições mais favoráveis para chegar ao segundo lugar da temporada. Além de ele ser o heptacampeão, não tem termos de comparação entre os dois pilotos, o carro de Hamilton está em ascensão e Perez jamais entendeu como funciona um carro que Verstappen veste como uma roupa. No ano passado, quando Perez disputou o vice contra Leclerc – que acabou ficando com a posição no campeonato -, Verstappen foi enfático ao responder se ajudaria seu companheiro de equipe: “Não sou Papai Noel. Não contem comigo”, disparou o holandês. Agora, com Perez já tendo um pé fora da equipe, a ajuda de Verstappen não virá mesmo.

Notas finais de Redação:

  • Segunda equipe na primeira parte deste ano, a Aston Martin caiu neste domingo para a quinta posição no campeonato de Construtores, perdendo lugar também para a McLaren.
  • Fernando Alonso fez uma prova melancólica nos Estados Unidos, acabando por desistir com problemas na suspensão do carro de número 14.
  • Vencedor da Sprint da etapa anterior, no Catar, o australiano Oscar Piastri, da McLaren, foi a grande decepção nos Estados Unidos. Apenas décimo colocado na Sprint, Piastri teve de abandonar a corrida principal bem no início, ao se chocar com o francês Esteban Ocon, da Alpine, provocando a desistência dos dois.
  • A primeira posição de Leclerc no grid de largada durou até a primeira curva, sendo superado facilmente por Norris. Depois, o monegasco da Ferrari optou por uma estratégia de somente uma parada para troca de pneus. Com isso, Leclerc apenas se arrastou na pista no terço final de prova.

Resultados:
1 Verstappen (HOL), Red Bull
2 Norris (ING), McLaren, a 10:730
3 Sainz Jr. (ESP), Ferrari, a 15:134
4 Perez (MEX), Red Bull, a 18:460
5 Russell (ING), Mercedes, a 24:999
6 Gasly (FRA), Alpine, a 47:996
7 Stroll (CAN), Aston Martin, a 48:694
8 Tsunoda (JAP), AlphaTauri, a 74:385
9 Albon (TAI), Williams, a 86:714
10 Sargeant (EUA), Williams, a 87:998
11 Hulkenberg (ALE), Haas, a 89:905
12 Bottas (FIN), Alfa Romeo, a 89:601
13 Zhou (CHI), Alfa Romeo, a uma volta
14 Magnussen (DIN), Haas, a uma volta
15 Ricciardo (AUS), AlphaTauri, a uma volta
16 Alonso (ESP), Aston Martin, não completou
17 Piastri (AUS), McLaren, não completou
18 Ocon (FRA), Alpine, não completou
19 Hamilton (ING), Mercedes, desclassificado
20 Leclerc (MON), Ferrari, desclassificado

Click to comment

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *